Há 151 anos nascia, perto de Istambul, uma tímida criança que viria a ser um homem respeitado no mundo dos negócios, um afamado colecionador de arte, um ímpar benfeitor.
Dos ilustres antepassados herdou o nome, das origens arménias o espírito generoso com o qual abraçou as mais nobres causas e do pai os negócios da família. Foi uma criança reservada, um jovem dotado da mais invulgar inteligência e um homem visionário que foi marido, foi pai, foi avô e detentor de uma das maiores fortunas do planeta.
Cidadão do Mundo
Fez do mundo a sua morada e do contacto com novas culturas a sua forma de estar. Cedo rumou a Marselha para aperfeiçoar o “francês” e foi no King’s College em Londres que viu o seu curso concluído com distinção. Chegou até a conhecer a região petrolífera de Baku, por intermédio do pai, que insistira que se envolvesse no comércio de querosene. Calouste foi mais longe e acabaria mesmo por revolucionar o sector petrolífero, cuja prosperidade lhe permitiu alimentar, entre muitas viagens, a veia de filantropo e colecionador.
A sua residência foi, durante vários anos, repartida entre Londres e Paris. Porém, a guerra havia de lhe mudar os planos. Com 3 anos, instalava-se no célebre Hotel Aviz, em Lisboa e, apesar, das várias visitas à capital francesa no pós-guerra, é em Portugal que mantém residência, por se sentir, aqui, bem acolhido.
Fundação Calouste Gulbenkian – um local de cultura a não perder numa visita a Lisboa
Dizia ser um “arquiteto de empreendimentos” e, aos 84 anos, decide criar, por testamento, uma fundação em Lisboa, à qual deixaria a sua fortuna e as suas obras de arte. O filantropo viria a morrer em 1955, no Hotel Aviz e, um ano mais tarde, eram aprovados os estatutos da Fundação Calouste Gulbenkian.
No coração da cidade, com alma e cheia de vida, a Fundação respira cultura e vai palpitando emoções, apostando no potencial humano e apoiando projetos que, em tudo, refletem a personalidade de Calouste – Ciência, Educação, Arte e Beneficência. Quem a visita, perde-se na geometria subtil dos jardins e nos seus envolventes recantos, enquanto ouve, ao longe, a melodia harmoniosa que a Orquestra e o Coro vão difundindo no ar. De mente liberta, entra-se no Museu. Afiguram-se diante do olhar coleções soberbas, surpreendentes, fascinantes.
A Fundação tem como propósito fundamental melhorar a qualidade de vida das pessoas através da arte, da beneficência, da ciência e da educação, desenvolve as suas atividades a partir da sua sede em Lisboa e das delegações em Paris e em Londres, tendo também intervenção através de apoios concedidos desde Portugal nos PALOP e Timor-Leste bem como nos países com Comunidades Arménias.
Conta com um museu, que alberga a coleção particular do Fundador e uma coleção de arte moderna e contemporânea; uma orquestra e um coro; uma biblioteca de arte e arquivo; um instituto de investigação científica; e um jardim, que é um espaço central da cidade de Lisboa, onde decorrem também as atividades educativas.
Fundação Calouste Gulbenkian – Av. de Berna, nº 45 a 5 minutos a pé do Luzeiros Suites, junto ao El Corte Inglês
Texto: Companhia das Cores in Loja das Meias magazine
Créditos: Vista exterior do museu ©Márcia Lessa